O Morto que Morreu de Rir

Capa do Livro O Morto que Morreu de Rir
Edição do autor, 1969. Capa: Antonio Benetazzo.

A primeira vez que Prata saiu na imprensa

Embora em número limitado, circula em São Paulo um livro que geralmente é recomendado por aqueles que o lêem. Chama-se ” O morto que morreu de rir” . Mas a verdade é que quem morre de rir é o leitor. O autor, Mario Alberto Prata (foto). Um de seus contos, precisamente aquele que dá título ao livro, já foi adaptado para o teatro pelo próprio escritor, agora também dramaturgo.

José Rubens Siqueira, o diretor de Numancia, que no dia 1º de outubro estreará com o elenco do TESES, dirigirá a peça de Prata. Isso vem provar o valor do livro que – agora também transformado em peça – vem despertando interesse. O jovem autor (tem apenas 23 anos) não desanimou ante o desinteresse de alguns editores, e decidiu ele mesmo publicá-lo. Daí estar o livro circulando de mão em mão. A verdade é que dos quinhentos exemplares lançados por Mario Alberto Prata, não sobrou nenhum e a procura é grande.

Amigo dos artistas, foi aconselhado a escrever para o teatro. Já o está fazendo. Além da peça – adaptada do primeiro conto do livro – o escritor já tem outra peça escrita. Escreve também no momento, um livro no qual participarão mais sete escritores. O livro é um romance, e quando um escritor pára de escrever o outro retoma o fio da estória. Além de Prata, escrevem: José Rubens Siqueira, Leilah Assumpção, André Faria, Luís Carlos Paraná, Antonio Contente e Silvan Paezzo. Quanto a Prata, já está escrevendo um segundo: “Ribeirão Campestre, um caso de polícia”. Sobre seu primeiro livro, Leo Gilson Ribeiro disse: “Tem como armas fundamentais a originalidade, a imaginação, a classe iclonocasta”.

Hilton Vianna
Diário de São Paulo

Mais imprensa

Mario Alberto Prata estreia, com alguns erros de ortografia mas com um transbordante talento natural, na literatura. Uma literatura que ao mesmo tempo começa já num nível de fluência extraordinária e peca por ser ainda um rascunho do que ele pode fazer. Tataraneto da obscenidade divertida e da fixação em defecação de Rabelais, é primo distante de Stanislaw Ponte Preta na “gozação” dos tabus sacrossantos da burguesia beata. Cria personagens com a facilidade de um escritor experimentado. Tem como armas fundamentais a originalidade, a imaginação, a graça iconoclasta. Como defeitos: a pressa, o inacabado de seu estilo. Com afinco, poderá ser mais do que uma mera “promessa literária” neste Brasil atualmente necessitado de Urubupungás de talento.

Mario Alberto Prata, se quiser, poderá ter um grande sucesso como autor vivo, inquieto, inteligente, que ironiza até a si mesmo, sempre com muitos kws. de um talento bruto imenso, que só lhe falta represar para tirar partido integral de sua avassaladora facilidade de contar coisas.

Leo Gilson Ribeiro
Jornal da Tarde / Revista Veja

Leia o conto