Não me surpreendem as grandes invenções. Bill Gates para mim é apenas um técnico esperto, é pinto. Queria saber o que ele teria inventado se vivesse há alguns séculos. Pra mim, a Internet é fichinha perto de muitos outros inventos muito mais criativos e anônimos.
Você poderia me explicar como foi que descobriram que tinham que refogar a alcachofra e raspá-la nos dentes com aquele molhinho? Sim, porque um dia alguém começou a fazer isso. Durante anos, talvez séculos, a alcachofra ficou lá no mato, esturricada.
Adoro essas invenções. Pequenos detalhes da criação humana, descobertos por anônimos billgates da vida.
A pipoca, por exemplo. Você já pensou na pipoca? Só um louco colocaria milho dentro de uma panela fechada com óleo fervendo para ver o que aconteceria. Deve ter sido uma criança sapeca. O que significa, basicamente que, antes do óleo e das crianças, não havia pipoca.
O grampo para cabeça. O grampo em si não deve ter sido difícil inventar. Mas quem inventou aquelas duas pequenas bolinhas nas pontas, para não ferir a cabeça, esse sim, um gênio.
Deve ter sido um achado o dia que inventaram a retrovisor nos carros. Antes o sujeito tinha que ir guiando e olhando para trás o tempo todo, apesar dos poucos carros nas ruas. Mas tinham os cavalos. Por falar em cavalo, donde vem a ferradura? Invenção maldosa, meter pregos nos cascos dos pobres bichinhos.
Aquela fitinha de plástico para se abrir o maço de cigarros.
Os clipes. Quando surgiram deve ter sido um furacão como foi o fax há alguns anos. O grampeador morreu de inveja.
O cigarro é coisa milenar. Já o filtro, não. Um dia puseram em um e a moda pegou. E posso garantir aos que nunca fumaram um sem filtro, que era muito melhor. Quem foi o primeiro a descobrir que se podia fumar maconha? Deve ter achado um barato.
Quem inventou aquela maquineta que a gente gira e mói a pimenta? E quem foi o primeiro sujeito a colocar pimenta na comida? Deve ter sido o mesmo que gostava de jiló.
Ovo frito vá lá. Mas o cozido já foi curtição que surgiu bem depois. Mas nunca ninguém conseguiu colocar o ovo em pé.
Vidro, tudo bem. Mas tem um objeto que você deve ter uns dez em casa: o espelho. Só pode ter sido sem querer. Duvido que um dia alguém ficou pensando vou inventar o espelho para me ver melhor. Uns dizem que foi a inimiga mortal da Branca de Neve. Outros atribuem o fato a Narciso.
O café também me intriga. Você olha ele lá no pé, vermelhinho, um gosto horroroso. Mas teve um dia que alguém torrou o bruto, moeu e ainda misturou com o açúcar.
Um dia alguém ficou olhando para uma vaca e cismou com as tetas dela e foi lá. Talvez até de sacanagem. Deu no que deu: leite A, leite B, leite C e até leite condensado. Coitadinha das vacas. Leite desnatado, gente. Queijo e manteiga deve ter sido moleza. Já estavam com a faca e o queijo na mão.
E quando será que Adão descobriu que podia colocar aquilo naquilo e que era ótimo? Parece bobagem, mas isso também teve a sua primeira vez.
Grande invenção o apontador de lápis. Aquele antigo onde você enfia o lápis e gira. Na minha infância a gente usava gilete usada dos pais. Geralmente cortava mais o dedo que o lápis.
E o cabide, hein?
O zíper também me surpreende. É coisa do século XX. Já o sádico que inventou o arame farpado foi um tal de Joseph Glidden, em 1874. No velho oeste, é claro. Já o biquíni é de 46, aquelas novidades de pós-guerra. Na França, é claro. Depois de tanta resistência… E o papel que foi em 105 a.C.? E o papel carbono, hoje tão em desuso? Mais velho que o papel é outro invento genial: o sabão. Foram os higiênicos sumérios 2.500 A.C.
Depois desta, vou para o chuveiro, outra grande invenção.
E lá, ficar a cantarolar quem foi que inventou o amor? Não fui eu, não fui eu. Nem a dor e nem a toalha felpuda e macia.