Algumas pessoas brilhantes, que outro dia estavam aí na mídia e na cara da gente, morreram antes da hora. Se Leila Diniz, Janis Joplin, Elvis Presley, John Lennon, Glauber Rocha, James Dean, Marilyn Monroe, Nelson Rodrigues e John Kennedy não estivessem mortos, o que estariam a fazer hoje em dia?
Leila Diniz teria 61 anos. Ficou famosa pelos filmes (Todas as Mulheres do Mundo, de Domingos de Oliveira – seu marido, na época -, uma obra-prima), por uma entrevista cheia de palavrões e pensamentos revolucionários ao Pasquim e por ir à praia grávida com a barrigona de fora. Mas o que as pessoas não se lembram é que ela era uma professora de curso primário em favelas. Revolucionária no ensino, foi ela quem tornou famoso no Brasil o método de A. S. Neill, da escola de Summerhill, onde a frequência às aulas era opcional e as classes eram organizadas por habilidade e área de interesse, e não por idade. Leila Diniz seria hoje, com certeza, a nossa Ministra da Educação no governo do PT.
Janis Joplin seria uma sexagenária (65 anos) que há muito teria largado as drogas e a música. Quando ela morreu, aos 26 anos, havia escrito o seu célebre testamento onde deixava tudo para o irmão mais jovem. Mas havia uma cláusula onde dizia que ele só colocaria a mão na grana quando completasse 25 anos e desde que tivesse um curso superior completo. Janis viveria hoje numa pequena cidade da Califórnia onde mantém uma universidade livre de música cuja renda é toda revestida para tratamento de drogados. E cuida dos netos, sendo que a mais velha das netinhas leva o maior jeito com uma guitarra.
Ah, o Elvis Presley! Nos anos oitenta, ainda ligado às drogas pesadas, ficou mais conhecido como o Rei das Colegiais. As más línguas, exageraram: O Rei dos Colegiais. Foi recuperado numa famosa clínica em Havana, convidado pelo próprio Fidel Castro. Comprou a velha casa do Hemingway e lá, aos 71 anos, passa seus dias tranquilo, jogando xadrez com Diego Maradona, tomando porres de rum com o escritor Pedro Juan Gutierrez. E está proibido de voltar aos Estados Unidos depois de declarações nada simpáticas ao Bush. Pai e filho. Está morando com uma mulata sensacional, disse o Maradona outro dia.
John Lennon, com seus 66 muito dos bem vividos, é claro que já largou a japonesa e, imediatamente, tentou reunir de novo a velha turma de Liverpool, sem o menor sucesso. Vive entre Nova Iorque e Salvador, onde pode ser visto sempre ao lado de Caetano Veloso e Almodóvar. Aliás, compôs com Veloso a música Imagina!!!, a ser lançada no próximo carnaval. Não consegue aprender, de jeito nenhum, o português. Mas dizem que foi na nossa língua que deu uma cantada na Luciana Gimenez, só pra sacanear o outro. E dizem também que ela está grávida.
O Glauber Rocha, já com 67 anos, tornou-se o homem mais ranzinza do Brasil. Na Rede Globo, onde dirige minisséries ambientadas no sertão baiano, é odiado por atores e técnicos. Seu último filme, Lua em Transe, uma tentativa de comédia romântica (traduzido lá fora para Blue Moon) foi um fracasso no mundo todo, exceto no Cahiers du Cinéma. Quando foi Ministro da Cultura do governo Collor, tentou transformar a Embrafilmes em Bahiafilmes, com apoio de ACM (de quem fez um curtametragem de duas horas). Foi demitido.
James Dean nunca mais fez filmes. Havia gastado todos seus gestos e bocas naqueles três dos anos 50 e 60. Ligou-se profissionalmente ao automobilismo, sendo sócio do seu amigo e ator Paul Newman numa escuderia da Fórmula Indy, onde se tornou amicíssimo da família Fittipaldi. Homossexual assumido, é chegado em mecânicos, pedreiros e pintores de parede em geral e em particular. Está completamente careca. Usa peruca. Loira. Tem uma pousada – junto com o Émerson – em Porto Seguro, onde passa todos os carnavais e sai no bloco Assim Caminha a Humanidade, vestido de Elisabeth Taylor. Hoje com 76 aninhos.
Marilyn Monroe, ninguém diz que está com 80 anos. Apesar de ser bem mais velha que George (o W) Bush, mantém um camufladíssimo caso com ele. Não faz cinema há mais de vinte anos e disse uma célebre frase: I want to be alone. Quando lhe avisaram que a frase já existia, que era da Greta Garbo, que teria hoje 102 anos, ela não acreditou. Continua bebendo feito um gambá. Vive dos direitos autorais do seu ex-marido Arthur Miller (hoje 92), além da pequena mesada do Jorge Arbusto.
Nelson Rodrigues está com 84 anos e foi, finalmente, descoberto pelo mundo. Vende mais de Paulo Coelho e também é da Academia Brasileira de Letras, apesar de ser contra a mesma. Feroz inimigo do atual presidente da República, foi na televisão – na campanha e na companhia do Alckmin – dizer que tinha medo que o Brasil voltasse ao tempo da velha inflação. Está terminando de escrever uma tragicomédia com o título (ainda provisório) de Todo Metalúrgico Será Castigado.
E, por fim, o velho e bom católico John Fitzgerald Kennedy. Aos 89 anos, residindo em Los Angeles, convidado pelo seu cunhado Peter Lawford, é ator em Holywood. Mas só faz bangue-bangue. Dizem que outro dia ligou para o Jorge Arbusto. Não para falar sobre a Marilyn, mas para dizer uma frase muito infeliz que foi manchete no mundo todo:
– Façamos do Iraque um novo Vietnã!!!