Mario Prata será um grande escritor. É o que dizia dona Clara, clarividente professora do Grupo Escolar. Inventou de fazer um jornal da classe e ele virou redator. Depois o padre Pedro, professor de Português do Salesiano, que achava a mesma coisa. Ou o Cecílio Abrão, da Gazeta de Lins, que deixava ele escrever a coluna social com o ridículo nome de Franco Abbiazzi. Tinha o quê? Uns 14 anos, voz de taquara rachada e aparelho nos dentes. Quando não escrevia ou jogava botão, lia a Manchete, que tinha uns cronistas muito bons. Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Rubem Braga, Henrique Pongetti. Lia e ficava imaginando se um dia ia escrever tão bem e publicaria em algum jornal da capital. E não é que apareceu a Última Hora, com um tal de Samuel Wainer, que resolveu dar espaço para o interior? O Mario Alberto topou. E Lins passou a ter crônica social em jornal da capital.
Depois a Revolução, o jornal empastelado, exame para o banco, o vestibular de Economia e o Banco do Brasil. Depois do ponto, escrevia o conto. O Morto que Morreu de Rir, livro de mimeógrafo, um texto aqui, outro ali e pronto. Adeus faculdade, adeus banco. Cair no mundo e ser escritor. Não adiantou conselho de pai nem de melhor amigo. Ainda bem.
O resto é público. Hoje escreve no Estadão. Quarta-feira, Caderno 2. Há de ter moleque pelo interior lendo e pensando se um dia não vai escrever tão bem quanto ele.
Sergio Antunes