São Pedro Spa Médico, Sorocaba. Me interno para exames gerais e específicos. Uma geral mesmo.
Próstata, algum problema no exame. Faço um ultra-som. Uma marquinha. Havia me esquecido de dizer ao clínico geral que eu havia tido uma prostatite há uns quinze. Ele acha melhor fazer um toque definitivo. Amanhã o urologista vem aqui, me informa.
– O urologista é gordo?
– Médio. Chama-se doutor Bráulio.
– Tá me gozando.
Dia seguinte estou eu a fazer a minha hidroginástica, quando vem a enfermeira:
– O doutor está te esperando.
Passo no meu apartamento, lavo as partes, coloco uma cueca nova e desço para o sacrifício.
Ao cumprimentar o simpático médico, a primeira coisa que fiz foi olhar o dedo indicador dele. Médio. Na sala, uma daquelas mesas de examinar mulher, onde elas colocam as pernas para cima. Vai ser de frente. Mais constrangedor ainda. Mas ele me mandou sentar, antes.
– Tudo bem?
– Sim…
– Você tem algum problema mais sério?
– Como assim?
– Algum trauma de infância?
– Bem, já fiz troca-troca. Mas era molequinho.
– Mas isso te traumatiza até hoje?
– Claro que não. Mas o senhor há de convir que nesta idade, não é mesmo? Logo pela manhã…
– Você não gosta de falar nesse assunto?
– Doutor, não é melhor ir logo ao negócio? Acabar logo com isso de uma vez? O senhor vai usar luvas, não vai?
– Luvas? Para que?
– O senhor não vai me dedurar?
– Para os colegas? Só se o seu problema for mesmo muito sério. Terei que ter uma reunião com eles. É assim que procedemos.
– Posso tirar a roupa?
– Tirar a roupa? Como assim?
– O senhor não vai me fazer o toque?
– Toque? Onde?
– Ora, doutor Bráulio, vamos acabar logo com isso.
– Bráulio? Bráulio é o urologista. Eu sou o psiquiatra…