Longe de mim duvidar do que houve em Fátima no dia 13 de outubro de 1917. Setenta e cinco anos depois, estive lá por cinco vezes, levando amigos e parentes, na época em que eu morava em Portugal. Me interessei pela aparição de Nossa Senhora. Fiz umas pesquisas.
Claro que, na época, já existiam jornais. E mostro aqui trechos de dois deles, publicados dois ou três dias depois da aparição, escritos por jornalistas de Lisboa que lá estiveram.
Sabe-se que, naquele dia, chovia havia algumas horas. Uma incrível multidão (cerca de 70 mil pessoas) comprimia-se na Cova da Iria desde a noite anterior.
De um dos livros vendidos no Santuário:
O milagre foi observado de até 40 km de distância, em muitas aldeias. Muitos gritavam: Ó, meu Deus, tem piedade de mim. Não me deixes morrer nos meus pecados! Virgem Maria, protegei-me, é o fim do mundo!’ O prodígio durou dez minutos. Ao levantarem-se, todos perceberam que suas roupas estavam perfeitamente secas. Muitos milagres de curas verificaram-se nessa ocasião.
Um dos principais jornais da época, O Dia, de Lisboa, na primeira página do dia 17 de outubro de 1917, o repórter escrevia em sua matéria:
À uma da tarde – meio-dia pelo sol – a chuva cessou. O céu, de um cinza-pérola, iluminou a vasta área campestre com uma luz estranha. O sol estava velado como que por um filtro transparente, de modo que se podiam facilmente fixar os olhos nele. O cinza madrepérola tornou-se prateado, à medida que as nuvens se separavam revelando um sol de prata que, envolto na mesma luz, girava no círculo de nuvens. Um grito elevou-se de todas as bocas, e o povo caiu de joelhos sobre o solo lamacento. A luz tornou-se de um lindo azul, como que vinda através dos vitrais duma bela catedral, e derramou-se sobre o povo ajoelhado, de mãos estendidas. Lentamente, o azul apagou-se, e a luz parecia vir através de um vitral amarelo. Manchas amarelas pintaram os lenços brancos, contra os vestidos escuros das senhoras. Elas estavam sobre as árvores, as pedras, as montanhas. O povo chorava e orava, as cabeças descobertas diante do milagre pelo qual esperava.
Outro grande jornal da capital, O Século, mandou seu próprio editor, Avelino de Almeida, ao local. Como testemunha ocular do fato, escreveu o seguinte no seu jornal:
Da estrada, onde estavam estacionados os veículos, e onde se comprimiam centenas de pessoas que não haviam ousado aventurar-se na lama, podia-se ver a imensa multidão voltar-se para o sol, que apresentou-se livre das nuvens e em seu zênite. Parecia um disco de pura prata, e era possível olhá-lo diretamente, sem o menor desconforto. Pode ter sido um eclipse. Mas naquele momento um grande grito elevou-se de todo lado: `Milagre! Milagre!’ Ante os olhos atônitos da multidão, cujo aspecto era Bíblico, ao se apresentarem com a cabeça descoberta, perscrutando agudamente o céu, o sol vibrou e realizou movimentos súbitos totalmente fora das leis cósmicas – o sol `dançou’, de acordo com o relato unânime do povo.
Outra testemunha desse acontecimento, o professor de ciências José Garret, da Universidade de Coimbra, disse o seguinte:
Não se tratava do piscar dum corpo celeste, pois girava em torno de si mesmo em loucos voltejos, quando um clamor uníssono elevou-se de todas as pessoas. O sol, girando, parecia destancar-se do firmamento e avançar ameaçadoramente sobre a Terra, como a ponto de esmagar-nos com sua massa. A sensação, durante esses momentos, foi terrível.
Eu só pergunto uma coisa: ela precisava fazer esse escarcéu todo?