
Imprensa
- Mario Prata lança ‘Diário de um Magro’ (Estadão, 08/05/1997)
- Um magro estranho no ninho (VEJA, 14/05/1997)
- O prato de Prata (Jornal Hoje em Dia, 21/04/2011)
- Spa recoloca escritor nos trilhos (Gazeta do Povo, 10/04/2011)
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Sobre
Passados quinze anos de sua primeira publicação, Diário de um Magro está mais em forma do que nunca. Com uma recauchutada aqui e ali, a nova edição do livro marca o relançamento de boa parte da obra de Mario Prata pela Editora Planeta. De lá para cá, Prata passou a vida dele a limpo (ops, esse é título de outro livro!) e descobriu que perdeu alguns vícios no spa, entre eles o do cigarro (e não engordou nem um quilinho), mas ganhou um impossível de superar: o vício em… spa (ele já esteve lá 104 vezes!). Também pudera. Frequentam o mesmo spaço Antonio Fagundes, Benedito Ruy Barbosa, Fernando Morais, Ricardo Kotscho, Reginaldo Leme, Paulo Caruso – cujas ilustrações (várias delas não estavam na edição original) são um delicioso recheio do livro. Entre, fique à vontade. Pode degustar Diário de um Magro como se ele contivesse doze mil calorias. Mas cuidado: Mario Prata também vicia. E afirma: rir faz emagrecer.
Orelha

O escritor, dramaturgo, jornalista e cronista Mario Prata é um privilegiado – tem prata no nome, tudo o que toca vira ouro. Foi assim no teatro, nas novelas, em Portugal. Assistiu em minha companhia à conquista do Tetra em Los Angeles e agora, com “Diário de um Magro”, revela o caminho das pedras para nós, pobres mortais. Depois de uma primeira visita de contato, nos internamos para uma experiência em comum nesta ilha de privações: 0 spa.
Aos poucos, o que parece uma brincadeira vai se transformando em tortura psicológica. As refeições parecem pura provocação. “Então é isso que eles querem que eu coma?” A paranóia vai se acentuando até que começamos a falar e trocar essa experiência com os outros internos. Aí se dá uma misteriosa celebração. A superação dos nossos próprios limites, nossa capacidade de resistência e obstinação em busca do objeto comum ali, é uma deliciosa solidariedade. A troca de experiências e pensamentos gira, é óbvio, em torno dos vários estados da comida. Este é o tesouro no novo livro do Mario Prata, que estabelece, através do seu relato displicente e bem-humorado, uma cumplicidade amistosa com o leitor, como um tapinha nas costas de encorajamento e, fundamentalmente, amor – aí está o ouro !
Paulo Caruso
Apresentação
Você é minuciosamente revistado na entrada (dizem que um paciente levou patê num tubo de pasta de dentes); tiram o sal da sua comida (um outro foi pego pagando duzentos reais por um jornal – recheado de presunto e queijo); tiram o açúcar da sua comida (no bosque, havia um laguinho com lindos peixinhos ornamentais. Foram transformados em deliciosos sashimis. Acabaram com o laguinho).
Lendas? Talvez. Mas acabam com sua comida (as cinco refeições do dia, deliciosas, cabem na metade de um prato de sobremesa); bebida? Só água, suquinhos ralos; o sorvete? Um gelinho colorido com sabores geralmente inexplicáveis; você fica lá, dias, incomunicável quase, e, na hora de ir embora, que saudade, meu Deus!
Como é dura a vida aqui fora! O livro de Mario Prata é um poema bem-humorado sobre SPA, que eu li deliciado, saudoso dos quinze dias em que passei por lá, redescobrindo a vida, a saúde, a auto-estima. Pára de ler essa orelha, e leva logo esse livro! Você não sabe o que está perdendo.
Antônio Fagundes
Uma generosa capa de bacon (prefácio)
Tenho a impressão de que o Mario Prata me escolheu para prefaciar este livro como uma espécie de retribuição. Afinal, foi eu quem o arrastou para essa aventura. Eu me explico. Nunca fui gordo. Ou melhor: ficar gordo nunca foi uma de minhas preocupações. Mas em 1990, depois de 33 anos consumindo dois maços de cigarros por dia, capitulei ao terrorismo antitabagista do doutor Adib Jatene e a uma pneumonia dupla – e parei de fumar cigarros. O primeiro resultado foi o aparecimento (lento, gradual e seguro, como uma democracia de general) de uma generosa capa de bacon em torno da minha cintura. Meu peso, que nunca excedera os 72 quilos desde que me tornei adulto, deu um salto acrobático para oitenta quilos. Para encurtar a conversa, em meados de 1996 eu estava pesando 88 quilos.
Menos por vaidade, mas principalmente por medo de cardiopatias que mataram meus avós e que acabariam levando meu pai, resolvi tomar vergonha na cara e emagrecer. Foi aí, por volta de agosto do ano passado, que eu vi, na primeira página da Folha, uma foto do ator Antonio Fagundes com cara de menino, apesar da barba grisalha, como resultado de uma dieta que lhe subtraíra dez quilos. Os autores da proeza, dizia a reportagem, eram os médicos de um spa em Sorocaba, a cem quilômetros de São Paulo. Sempre achei que spa era um lugar que ricos frequentavam para aparecer em colunas sociais, mas ali na capa da Folha, em cores, estava uma prova eloquente de que o negócio parecia funcionar. Apesar de velho admirador do ator (desde que, trinta anos atrás, ele fez o Chicó do Auto da Compadecida, dirigido por George Jonas), nunca tive intimidade com Fagundes. Mesmo assim, enviei-lhe um fax pedindo mais informações sobre a metamorfose que vivera. Gentilíssimo, ele respondeu no mesmo dia e fez, ao telefone, um convincente comercial do lugar (que contou chamar-se São Pedro – Spa Médico). Depois de dez dias lá, a mudança não tinha sido apenas no peso, mas principalmente na cabeça. Entrou gordo e estressado e saiu magro e zen. “Descobri prazer até em tomar água”, disse ele. “Pode ir que você vai adorar.”
Eu já estava decidido a ir, mas ainda temia que passar duas semanas cercado de gente chata e obsessiva com gordura pudesse ser uma pedrada. Resolvi cooptar alguém para compartilhar o que eu imaginava serem catorze dias de infortúnio, e a primeira vítima que me ocorreu foi o Mario Prata. O escritor e dramaturgo sempre teve uma silhueta de bailarino espanhol, mas amigos comuns me diziam que ele andava meio macambúzio pelos bares da moda (suspeita que ele confirmava em sua coluna no Estadão, na qual vivia fazendo apologia de Prozac, Zoloft, Anafranil, Frontal, Lexotan e outras novidades inventadas pela química para desentristecer as pessoas). Prata topou no ato, e dias depois nós cruzávamos os portões de ferro dos doutores Castanho e Sérgio, no São Pedro – Spa Médico, em Sorocaba. Portões que, imaginávamos os dois, deveriam ter no pórtico o trecho do verso da Divina Comédia: “Lasciate ogni speranza, voi che entrate”. Engano ledo e ivo.
O resultado está aqui, neste delicioso Diário de um Magro (ou Me Ajuda, São Pedro!). Com o humor e a ironia que são marcas registradas de quase tudo o que Mario Prata escreve, este livro, além de divertir muito o leitor, mostra que o tal de spa, que ambos víamos com enorme preconceito, é verdadeiramente eficiente. E que, além de não doer, é mesmo (como Fagundes anunciara) um excelente lugar para desentupir não apenas as coronárias, mas a alma. E a fauna, que imaginávamos formada por gordos loucos, é composta, pelo menos no que pudemos ver nas duas temporadas que passamos no São Pedro (sim, nós voltamos lá mais de uma vez), de gente encantadora. Não dá para botar aqui o nome de todo mundo, mas ganhei lá, entre outros, amigos como o maranhense Joaquim Haickel, o paulistano Ladislau, os mineiros Vavá e Marcelinho e a pernambucana Mônica, a quem o Prata dedica este livro.
Recomendo Me Ajuda, São Pedro! (ou Diário de um Magro) não apenas às pessoas que estejam interessadas em perder peso, mas também a quem quiser passar algumas horas hilariantes em companhia do Mario Prata.
A simples leitura deste livro não vai emagrecer ninguém, naturalmente, mas pode ajudar a reduzir o estresse. Bom apetite.
P.S.: Por último, mas não menos importante: acabo de subir na balança e o ponteiro não deixa margem a dúvidas. Estou pesando 73 quilos.
Fernando Morais