A mulher que fuma

A mulher que fuma é, antes de mais nada, sexy.

Se você for mulher e não fuma, não pense que estou defendendo o cigarro. Não. Estou defendendo a mulher que fuma cigarros. É completamente diferente.

Sim, porque homem fumar pode ser até um ato machista. O mundo inteiro fazendo campanha contra a nicotina e o homem lá, todo macho: fumo mesmo, e daí?

Já a mulher, não. É um dos prazeres do cotidiano dela. Não quer agredir ninguém e nem burlar nenhuma leia. Nem feminista é. É feminina e como. O cigarro se incorpora ao seu corpo, suas curvas.

Siga o movimento do braço dela até perto da boca para levar o cigarro, num ritmo que só ela tem. A mão fechada e dois dedos em linha reta, hirtos, que vão se abrindo lentamente até chegar perto do cigarro. Admire a tragada, que faz com que seus lábios participem de um movimento no mínimo excitante. O puxar da fumaça para os pulmões faz com que seus seios se erguem magicamente uns dois centímetros. E, para completar, ainda passa a língua descaradamente pelos lábios.

Depois solta a fumaça fazendo um biquinho muito do comprometedor, como se estivesse assoviando para a gente. E, com uma leve inclinada do pescoço, fica observando a fumaça virar ar.

Agora observe o seu dedo indicador batendo a cinza no cinzeiro. E, se ela deixa o cigarro descansando ali, não sei por qual fenômeno da natureza, a fumaça sobre retinha e lá em cima, depois de mais de um metro, serpenteia como a gingada de uma baiana de corpo delgado. E se você olha para o filtro vê a marca de um batom que poderia estar – quem sabe – nos nossos lábios.

E não pense que ela apaga o cigarro dando porradas nele. Não. Ela passa a bituca de um lado do outro do cinzeiro, sem pressa, como se estivesse pincelando alguma coisa.

Deviam proibir o cigarro só para os homens. Que teriam o prazer do cigarro apenas na boca da mulher amada. Pra que mais?