Utensílio para limpar, lustrar, alisar, etc., que consta de uma placa onde são inseridos, muito próximos, filamentos flexíveis de cerda, fio sintético, metal, etc.
A finalidade dela – a escova de dentes – é a mesma de quando foi inventada, sabe-se lá por quem e onde. Será que Nero, por exemplo, já escovava os dentes, olhando Roma arder naquela fatídica manhã? A finalidade é a mesma.
Mas anda modernosa demais para o meu gosto. Ou deveria dizer meu paladar?
Tiradentes ensinava os mineiros a melhor maneira de escovar? Sim, existem maneiras e maneiras. Aquela que o dentista da gente ensina é a mais difícil.
Para os profissionais da boca nós, os pacientes, deveríamos ter o dia inteiro para ficar a escovar os dentes. Umas cinco vezes por dia, durante uns 15 minutos, cada.
Mas eu falava na escova para o tal ato.
Quando eu era garoto só tinha uma marca: Tek. E três tipos: dura, média e macia. Eu gostava da macia, a minha mãe exigia a dura. Ficávamos na média e não se falava mais nisso. E tinha o furinho na ponta do cabo que era para a gente pendurar no preguinho. Acho inadmissível as escovas de dentes de hoje não terem mais furinho. O furinho na escova é fundamental, senhores fabricantes. Como o quebra-vento era para os carros. Mil e uma utilidades.
E as cores eram as básicas. Básicas e claras.
É que ontem eu comprei uma escova de dentes roxa. E comprei roxa porque hoje o tom das escovas de dente – sabe-se lá o porquê – é o roxo. Dezenas de formatos, angulações, curvaturas. Tudo roxo.
E o material não é mais aquele velho e bom plástico vagabundo. É um material que meio gruda na mão da gente. Aderente. Entre o plástico e a borracha. E enverga. Dobra, vai fundo. São anatômicas, dizem os farmacêuticos.
As cerdas (que palavra!), um momento que eu vou olhar no Aurélio o que é cerda. Eis: Pêlo mais espesso e resistente, de ordinário situado junto às cavidades naturais dos mamíferos. Ou: Cada uma das organelas de animais microscópicos que funcionam como órgãos retráteis, locomotores ou sensoriais. Ou: Processo externo, anatômico, do corpo dos insetos; são evaginações de células epidérmicas individuais. Tudo isso – inclusive evaginações – está lá no dicionário.
Mas eu dizia que as cerdas – as cerdas de antigamente – eram brancas e todas da mesma altura, mesmo nível. Já notou agora? Parecem uma montanha russa. E não são todas do mesmo material. Na frente são mais duras e azulzinhas.
Dizem que é para o siso. O mais doido é que quanto mais você usa, as duras vão ficando mais duras e as moles vão esfalecendo. E jamais saberemos se o siso ficou mesmo limpo porque os meus, pelo menos, eu não consigo ver.
Tem uma outra aqui, a aposentada, em que as cerdas são em fileiras brancas e azuis, alternadas. E, no meio do cabo, tem um ziguezague que dizem que é para dar o molejo. Mas não dá. Me parece – olhando para ela agora – que é apenas para ficar ali uns naquinhos de pasta de dente. Impossível lavar aquelas reentrâncias. E ainda tem uma leve curvatura para você apoiar o dedão. Sem o dedão – pode notar – é impossível se escovar os dentes.
E as pastas de dente, gente? Eram mais românticas quando se chamavam dentifrício, não eram? Dentifrício me dá a segurança de que limpa mais, melhor. Agora se chama creme dental. Céus! Me lembra bandeirinha que agora chama de auxiliar de linha. Começaram a inventar coisas para misturar nela, a pasta. Flúor, bicarbonato de sódio. Fora os sabores. Menta… Tem tanta coisa química ali que eles mesmo avisam: Recomenda-se não ingerir. E tem um outro aviso que eu nunca entendi: Baixa abrasividade. Isso significa que tem abrasividade, sim. Baixa, mas tem. E mais: pedem para manter fora do alcance de crianças menores de 6 anos. Será que eles acham que os nossos filhos, em plena fase oral, vão comer 90 gramas daquilo? Com aquela abrasividade toda?
Você já escovou os dentes hoje? Direitinho? Está com os dentes naturalmente brancos? Com uma sensação especial de limpeza? Ainda bem.
Um beijo pra você.