Sobre
Mario Prata, o nosso Pratinha, é mineiro de nascimento, criado no interior de São Paulo, paulistano por opção e dono de um estilo de humor de fazer inveja ao mais curtido dos cariocas. Foi com essa bagagem que ele desembarcou na redação do Estado de S. Paulo no final de 1992, quando o jornal mal iniciava uma nova etapa de mudanças.
Cinco anos depois, Pratinha não só é uma espécie de símbolo dessa fase de modernização do jornal, como também passou a representar um marco no renascimento da crônica de costumes bem-humorada na imprensa diária brasileira.
Humorista capaz de rir de si próprio, Prata deve achar que estou brincando ou que essa afirmação se deve apenas à nossa amizade. Não é. Faz algum tempo, ele me propôs uma ousadia (uma de suas mais bemvindas manias): o lançamento, pelo Estadão, de um folhetim. Na prática, tratava-se de resgatar o que a imprensa diária fez décadas atrás. Nas nossas conversas sobre o assunto, a referência era o trabalho magistral que Nelson Rodrigues produziu na década de 50 na imprensa carioca. Foi ali que Nelson construiu seu tão conhecido estilo de cronista da cena da família de alma pequeno burguesa.
Como se vê, éramos ambiciosos. E deu certo, pois foi assim que surgiu nas páginas do jornal o personagem James Lins, um misto de ficção e — estou seguro — realidade, que Pratinha foi resgatar do seu passado no interior de São Paulo (Lins) e trouxe, com grande sucesso, para os leitores do Estadão. Com o manejo de sua técnica de competente redator de scripts, Prata deu vida real a James Lins. Tanto que choveu cartas de leitores querendo corresponder-se com o personagem… Coisas do Pratinha.
Pratinha tem um humor “antenado”, sua crônica de costumes é pautada pela sensibilidade de quem está próximo ao cotidiano das pessoas. Entende-se. Mario Prata é um repórter. Foi o que ele demonstrou nos Estados Unidos, quando fez parte da equipe do jornal que cobriu a Copa do Mundo. Sensibilidade bem calibrada, Prata ajudou no planejamento da cobertura, escreveu artigos irretocáveis e terminou comprovando que por mais rápidos que sejam outros meios de comunicação, embalados no surto da revolução eletrônica, nada supera um bom texto, um olhar atento, um ângulo de uma situação bem sacado, como se diz no jargão das redações.
Mario Prata é a prova de que a inteligência convertida em texto impresso jamais será superada. Não há nada que a reproduza artificialmente, seja uma válvula dos tempos da pré-eletrônica ou um chip dos “pentiuns” da vida. Em tempo: nada contra os computadores. Muito pelo contrário. Desde que um Mario Prata esteja manejando os teclados.
Aluizio Maranhão
Diretor de Redação do jornal O Estado de S.Paulo