No começo da sua história o meu personagem é bem simplório — o de uma moça do interior, um pouco tola, até infantil. Depois, por contingências, ela vai morar em Paris, onde muda a cabeça. Quando volta, é outra pessoa. Mas casa com o namoradinho de infância. Aí começam os seus conflitos.
Eu adorei fazer a Olga porque me identifico bastante com alguns dos seus aspectos. Por exemplo, no tocante à sua necessidade de melhorar, de crescer, de se aprimorar. Isso eu também tenho. Além disso, ela tem uma necessidade de ser dona da verdade que eu também já tive. Só que, no meu caso, quando percebi, passei a me policiar para não virar uma Maria Mandona.
Quem faz o meu parceiro, o Xico, é o José Wilker. Já tinha trabalhado com ele em televisão, mas apenas como diretor. Ele me dirigiu na novela Louco Amor. Descobri em BESAME MUCHO que é um barato contracenar com ele, coisa que eu desconfiava e desejava há muito tempo.
Quanto ao filme, ao contrário do que muita gente pode pensar, o seu assunto não é política – ela entra como pano de fundo. O principal no filme é a ingenuidade dos personagens, a falta de informação, em todos os sentidos, da geração retratada. Foi o começo da liberação sexual e havia muita fantasia na cabeça das pessoas. Outro ponto importante é o amor. O filme tem três enfoques bem diferentes sobre o amor. Todos eles muito bem tratados.
Fiquei fascinada também pelo carinho que a produção do filme tinha pelas pessoas. Tudo era muito profissional, mas muito gentil O ambiente era calmo. O cronograma foi cumprido à risca, outra coisa que para mim é inédita. Tudo sem nenhuma correria, sem nenhuma pressa. Isso era muito tranqüilizante.
Por todos esses motivos, gostei demais de fazer BESAME MUCHO. Gosto de fazer cinema.