Fábrica de Chocolate é um desafio para todos. É um desafio porque nos obriga a encarar frontalmente um tema que até há bem pouco tempo era tabu em letra de forma e se falava apenas a meia voz, olhando em volta pelo canto do olho: a tortura.
Um fato oficialmente desmentido e que ironicamente às vezes se comprovava, praticado por aqueles que o negaram, naqueles que afirmavam a sua existência. É um desafio sob o ponto de vista da dramaturgia, porque o autor, recusando a emoção que poderia criar a partir da condição da vítima — emoção amplamente justificada — optou por aprofundar a sua perplexidade, buscando entender os valores e a mecânica daqueles que exercem essa função degradante.
Quando um homem se avilta, aviltando um outro homem, todos nós somos esses dois homens. E para recusarmos essas duas faces, para cunharmos uma nova moeda, Mario Prata procurou compreender e mostrar o lado mais infamante. O lado dos torturadores. “O torturador é um resultado, não um ponto de partida.”
Ruy Guerra
- Exibição: Teatro Ruth Escobar S. Paulo, 7/12/1979.
- Diretor: Ruy Guerra.
- Diretor-assistente: Wagner de Paula.
- Cenografia e Figurinos: José de Anchieta.
- Assistente de Cenografia/Figurinos: Domingos Fuschini.
- Elenco: João José Pompeu (Baseado), Ruth Escobar (Piedade), José Dumont (Rosemary), Mauro de Almeida (Doutor), Luís Carlos Laborba (Dodói).
- Cenotécnica: Ladislau Braz & Equipe.
- Iluminação: José Roberto Harbs.
- Contra-regra: Iza Anunciação.
- Assessoria de Publicidade: Luís Carlos Laborba.
- Secretária: Marlene Beatriz Marcondes.
- Produção Executiva: Rosa Maria Salgado Casalli Moema Brum.
- Administração: Ameir de Paula Barbosa.
- Produção: Ruth Escobar.