Adoro inventar quem inventou os inventos. Depois de escrever o livro Mas Será o Benedito?, onde eu imaginei a origem de mais de 400 provérbios e ditos populares, comecei a pensar nas invenções.
Mas não estou interessado nos inventos técnicos e eletrônicos, mas nas coisas do dia a dia que a gente faz e não sabe quem criou aquela moda.
O abraço, por exemplo. Você pode notar que isso é coisa deste século. E não existem em alguns países. Em Portugal, para citar apenas um país, é difícil você ver alguém abraçando ninguém tão efusivamente como nas ruas do Brasil.
Dizia ser coisa deste século, pois a gente vê nos filmes de época, nas gravuras e desenhos de outros séculos que não tinha nada de abraço. Eram cumprimentos formais, no máximo um aperto de mão. Imagine se o Cabral chegou aqui e foi logo abraçando os índios… Isso não existia.
Pois eu descobri a origem do abraço. Realmente é coisa do começo desse século e teve sua origem (é claro) na Itália. Sim, quem inventou o abraço, desses de grudar o corpo, dar tapinhas nas costas, na barriga, na cintura, apertar mais uma vez, quem inventou isso foram os mafiosos italianos. E sabem para que? Tavam tapinhas e apalpadelas para ver se o outro tinha alguma arma no corpo. É vero?
Os japoneses até hoje não se abraçam. É que lá o espadachim estava sempre à vista. Então eles se curvavam para baixo para ver até onde ia a adaga.
Outra invenção interessante é o pente. Mas essa foi fácil de descobrir e não me obrigou a grandes pesquisas, desde o dia que vi, debaixo de um viaduto uma mendiga chique alisando os seus cabelos com a ossada de um peixe recém comido. Não deve dar um bom cheiro às melenas, mas não tenho dúvidas que foi aí que tudo começou.
A geladeira, por mais incrível que possa parecer, foi inventada pelos esquimós. Sim, cada iglu tinha a sua geladeira, movidas a lenha, desde o século passado. Sabe para que eles usavam a geladeira? Para degelar os alimentados congelados. Verdade!
Já o beijo foi inventado pelos pais que ficam o dia inteiro com o pimpolho nos braços beijando. Depois pedem que eles joguem beijinhos. Depois começam a beijar pra valer. Como foram também os pais que inventaram o arroto.
As mães não sossegam enquanto o filho não arrotar depois da mamadeira. Ficam pedindo arrota, benzinho, arrota, benzinho. O benzinho arrota e elas ficam sossegadas. Menos que dois anos depois a cada arroto que o pobrezinho dá, vem a bronca: que coisa feia, menino!!! Onde foi que você aprendeu essa malcriação???
A pipoca é coisa do século passado e foi descoberta (sem querer) pelos pigmeus africanos que criavam pardais e davam alpiste para eles. Um certo dia caíram alguns grãos numa ardente frigideira e começou tudo a estalar. Dai para o milho foi um passo. O nome pipoca surgiu porque a tribo se chamava Pipoká. Qualquer enciclopédia (in)decente traz essa explicação decente e verdadeira.
Aquela sobremesa que todo mundo chama de Romeu e Julieta, que nada mais é que a goiabada com queijo, não é invenção dos mineiros, como muitos apregoam. Puro Shakespeare, darling. Como todo mundo sabe, os Montechio fabricavam goiabada e os Capuleto o queijo de Verona. Eram industriais ricos e rivais. Romeu e Julieta queriam unir o útil (ou o útero) ao agradável. Deu no que deu. Demorou pouco tempo para os veroneses juntarem a goiabada com o queijo, e homegearem os jovens mais populares da cidade.
O voto também é desta época. Segundo mestre Aurélio a origem é latina e vem de votu, que significa (acredite, por favor) promessa. Ou seja, já naquele tempo, dizia Jesus aos seus discípulos: Não dêem seus votos para quem só faz promessas. Acabaram matando ele que, diga-se de passagem, fazia também muitas promessas.
E quem foi que inventou a crônica? Foi o Deus do tempo, o Kronos e que (mais uma vez) Aurélio assim explica: Texto jornalístico redigido de forma livre e pessoal, e que tem como temas fatos ou ideias da atualidade, de teor artístico, político, esportivo, etc., ou simplesmente relativos à vida cotidiana.