E-mail que acabo de receber de uma amiga, escritora:
Ah, Mario, essa eu tenho de fofocar. Capa da revista da Folha: os homens querem dormir depois de transar e as mulheres conversar, como preencher tão profundo abismo? A revista montou um guia. Bonzinho até, não fosse por um detalhe. Não há diferença alguma entre homem e mulher. As mulheres também querem dormir depois de transar. Pelo menos quando gozam, querem. Ao invés de ficar criando nomes técnicos para o fato dos homens dormirem, deviam estar discutindo por que as mulheres não gozam (e, portanto, não caem no sono depois da transa), isso sim.
Portanto, vox femina, vox dei (ou deusa?).
E eu acrescento: por quê que tem que bater papo, depois? Em que Bíblia, em que Kama Sutra consta este item? Por que não conversa tudo que tinha que conversar, antes? Ou mesmo durante? Mas não, a hora que a gente acaba, cai esbaforido, lá vem ela: benhê... E as que pedem, imediatamente, um copo de água? Se possível com duas pedrinhas de gelo. Se você já abriu um congelador depois de um orgasmo, está a me entender.
As mulheres não sacam que o homem tem que encher um tubo – de tamanho variável – de sangue. Sangue este que, enquanto está lá, deixa, obviamente, de estar em outro lugar. Coração & pulmão, por exemplo. É preciso um tempo mínimo pra recuperação. Do prazer e da fadiga. Um pit-stop para encher o tanque novamente e, se possível, trocar o pneu dianteiro. Tenho 53, não tenho 23. E, depois dos 50, é muito mais longo o preparativo do que a ação propriamente dita, ao contrário dos jovens que vão direto ao assunto e logo depois pulam da cama e ainda fazem (e forçam) uma barra.
Eu, de minha parte peço, educada e ofegantemente, pelo menos dez minutos de repouso. Meu e dele. Mas elas abusam. Começam – depois de um minuto e meio – a encostar o dedinho do pé na sola do meu. E depois aquilo vai progredindo, vai subindo. Mas aquilo outro, não. É preciso espaço para a respiração, para a musculação voltar ao normal. Mas elas não respeitam o repouso do guerreiro (ou seria melhor dizer arqueiro?).
Gozado, né? Estou falando sério, não estou gozando, não!